É difícil afirmar com exatidão quando as vestimentas deixaram de ser apenas "ferramentas" para se tornar manifestações de identidade e de arte. Mas o que se pode ver hoje é que as roupas e o conceito abstrato do que é moda é parte importante na construção de uma imagem dentro de um coletivo - enquanto uma identidade pessoal ou como manifestação de dogmas e emoções; levando mais a fundo as vestimentas de um individuo também funciona como um "mecanismo de julgamento" em muitos casos. Já foi discutido por aqui em um texto antigo sobre como existe uma, [quase que] urgência em rotular, em colocar em grupos específicos e restritos a características superficiais e muitas vezes misóginas/preconceituosas. Bom, já não é novidade pra ninguém que uma mulher sair na rua de short é um chamado aos mais variados julgamentos, quando se leva isso para outros movimentos e contextos sociais diferentes tais julgamentos tomam forma de ações preconceituosas que propagam uma cultura de supremacia do privilégio.
Mas antes mesmo de começar a polemizar demais sobre o short (mais uma vez...), falemos sobre hip-hop; mais especificamente a dança. Quando se fala em dança e hip-hop talvez a maioria das pessoas automaticamente associam com breakdance; esse, não é o sujeito desse texto; estamos falando de algo mais atual e feminino, mais forte e, [infelizmente] um alvo da misoginia e do racismo. Então demos nome aos bois, vamos falar sobre o twerk - mas deixemos de lado a Miley Cyrus [e apropriação cultural...]. Pesquisando sobre as origens do movimento, suas inspirações em danças e rituais africanos e acompanhando a cena atual que é muito ligada com o trap; vemos no twerk um movimento de empoderamento feminino muito forte. Mulheres que usam a dança e a música para afirmarem seu espaço e seu corpo, não só como "sex symbol" mas também para além de uma estigma ligada ao machismo dentro da comunidade hip-hop. As dançarinas de twerk ainda são muito alvo de assédios - tanto por parte de homens que veem o movimento apenas como uma objetificação da mulher (ou como instrumento para agrada-los), quanto por muitas mulheres que ligam o movimento à uma falsa ideia de promiscuidade. No Brasil temos vários expoentes no twerk, sendo @jana.twerk uma das mais famosas no meio. Em seu Instagram a artista já comentou sobre os assédios constantes que sofre por parte da comunidade e também o preconceito que a sociedade tem em relação a dança e a mulher; a roupa - mais especificamente, o short; tem uma função quase que primordial no twerk, já que os movimentos de quadril são o grande chamariz da dança [por assim dizer]. Assim como foi dito em 2017 no texto da Mulher-Maravilha; para @jana.twerk a dança(seu poder) e o short são parte da sua identidade e não servem [e nem podem] serem método para julgamento ou criação de caráter.
Falar de promiscuidade, short e twerk parece não ter nada a ver como o titulo, mas assim como já foi debatido por aqui; através do dialogo e da massificação desses movimentos culturais podemos [aos poucos] minar com a cultura machista que está inerente na atual cena hip-hop. Ainda mais se tratando de um movimento que surgiu num contexto para lutar contra opressão e contra o preconceito. O preconceito e a misoginia não precisam ser características dessa cultura e cabe a todos que estão envolvidos nesse contexto (artistas e espectadores), levar o debate a frente e mudar aos poucos o status quo onde nos encontramos.
"Diferente de muitos dos textos desse blog, este foi mais um desabafo para falar sobre a misoginia que vemos dentro da cultura hip-hop (que sempre foi ligada a homens, em sua maioria). Não se trata de uma questão tão simples de se enxergar como o machismo nos filmes do Michael Bay (Transformers e Pearl Harbor), mas trazer o debate e coloca-lo sobre outra perspectiva - uma feminina; é mais do que necessário para quebrarmos a estigma de que o hip-hop é machista.
Vamos respeitar as minas, deixa todo mundo usar a roupa que quiser, dançar como quiser e ouvir a música que quiser. Lutemos contra o preconceito todos de mãos dadas, acabando com comportamentos tóxicos um twerk por vez." - Antonio Canineo
Mas antes mesmo de começar a polemizar demais sobre o short (mais uma vez...), falemos sobre hip-hop; mais especificamente a dança. Quando se fala em dança e hip-hop talvez a maioria das pessoas automaticamente associam com breakdance; esse, não é o sujeito desse texto; estamos falando de algo mais atual e feminino, mais forte e, [infelizmente] um alvo da misoginia e do racismo. Então demos nome aos bois, vamos falar sobre o twerk - mas deixemos de lado a Miley Cyrus [e apropriação cultural...]. Pesquisando sobre as origens do movimento, suas inspirações em danças e rituais africanos e acompanhando a cena atual que é muito ligada com o trap; vemos no twerk um movimento de empoderamento feminino muito forte. Mulheres que usam a dança e a música para afirmarem seu espaço e seu corpo, não só como "sex symbol" mas também para além de uma estigma ligada ao machismo dentro da comunidade hip-hop. As dançarinas de twerk ainda são muito alvo de assédios - tanto por parte de homens que veem o movimento apenas como uma objetificação da mulher (ou como instrumento para agrada-los), quanto por muitas mulheres que ligam o movimento à uma falsa ideia de promiscuidade. No Brasil temos vários expoentes no twerk, sendo @jana.twerk uma das mais famosas no meio. Em seu Instagram a artista já comentou sobre os assédios constantes que sofre por parte da comunidade e também o preconceito que a sociedade tem em relação a dança e a mulher; a roupa - mais especificamente, o short; tem uma função quase que primordial no twerk, já que os movimentos de quadril são o grande chamariz da dança [por assim dizer]. Assim como foi dito em 2017 no texto da Mulher-Maravilha; para @jana.twerk a dança(seu poder) e o short são parte da sua identidade e não servem [e nem podem] serem método para julgamento ou criação de caráter.
Falar de promiscuidade, short e twerk parece não ter nada a ver como o titulo, mas assim como já foi debatido por aqui; através do dialogo e da massificação desses movimentos culturais podemos [aos poucos] minar com a cultura machista que está inerente na atual cena hip-hop. Ainda mais se tratando de um movimento que surgiu num contexto para lutar contra opressão e contra o preconceito. O preconceito e a misoginia não precisam ser características dessa cultura e cabe a todos que estão envolvidos nesse contexto (artistas e espectadores), levar o debate a frente e mudar aos poucos o status quo onde nos encontramos.
"Diferente de muitos dos textos desse blog, este foi mais um desabafo para falar sobre a misoginia que vemos dentro da cultura hip-hop (que sempre foi ligada a homens, em sua maioria). Não se trata de uma questão tão simples de se enxergar como o machismo nos filmes do Michael Bay (Transformers e Pearl Harbor), mas trazer o debate e coloca-lo sobre outra perspectiva - uma feminina; é mais do que necessário para quebrarmos a estigma de que o hip-hop é machista.
Vamos respeitar as minas, deixa todo mundo usar a roupa que quiser, dançar como quiser e ouvir a música que quiser. Lutemos contra o preconceito todos de mãos dadas, acabando com comportamentos tóxicos um twerk por vez." - Antonio Canineo
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